01/08/2020 às 17:11 Arte, cultura e sociedade

Quando falta consciência, a humanidade padece.

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Poucas foram as vezes em que a consciência individual fez tanta diferença na construção do coletivo. Ou melhor, no contexto atual, para a existência e sobrevivência do coletivo. Hoje, dia 06 de julho de 2020, o mundo contabiliza 533.780 mortos por COVID-19. No Brasil, temos 64.900. Em abril, aproximadamente, víamos os brasileiros chocados com os números que a Itália alcançou. Mas hoje, quando essas mortes acontecem na nossa nação, com os nossos irmãos, tais mortes pouco importam.

O Fantástico exibido na noite de ontem, 05/07/2020, mostrou o retrato da alta burguesia a quem pouco importa se os pobres estão morrendo. A frase: “cidadão não, engenheiro civil formado, melhor que você”, dirigida a um fiscal da vigilância sanitária no Rio de Janeiro, entrou pra história. Para o lado triste e assustador da nossa história, que remonta novamente a 2018, quando esse novo - ou talvez bastante antigo, porém ainda desconhecido, perfil social veio à tona. Bolsonaro? Sim, Bolsonaro. Não que ele tenha criado essa categoria de extrema direita altamente preconceituosa, pedante e negacionista, mas foi ele quem trouxe à tona, quem lhes deu liberdade pra defender ditadura sem punição ou insultar um fiscal sem que nenhum julgamento, além do social, ocorresse.

O Leblon estava cheio. Os bares lotados e desrespeitando o limite de horário de funcionamento. Pessoas sem máscara… Não que isso seja um problema para elas, afinal, a burguesia corre para o Samaritano ou o São Lucas quando precisa. Mas as empregadas que são obrigadas a irem para o serviço, voltam de ônibus contaminando os seus. E assim, quem paga o preço pelo extremo egoísmo da alta burguesia carioca é o menor, o mais fraco, o que menos tem quem lhe socorra. Esse é o retrato da sociedade brasileira nos dias de hoje. Enquanto uns bebem em meio à uma pandemia, famílias choram seus entes pedidos. Crianças perdem suas vidas, filhos perdem seus pais, pessoas lutam para respirar enquanto se afogam em seus próprios fluidos em um leito de UTI.

Paralelamente, o presidente, que tem por obrigação preservar a vida da população, tenha o cidadão votado nele ou não, sanciona vetos ao uso da máscara, o instrumento até então mais barato, mais acessível, mais eficaz, além da correta higienização das mãos e do distanciamento social, para prevenção da doença. Paralelamente, o presidente corrobora com os comportamentos mais anticoletivos, antissociais, antihumanitários que temos visto. O presidente se mostra exatamente como o “engenheiro civil formado, melhor que você”, que age dessa forma justamente porque sente que tem apoio pra isso.

O fato é que na frase “cidadão não, engenheiro civil formado, melhor que você” o único trecho realmente verdadeiro é o que diz “cidadão não”. Porque alguém que porta tanto egoísmo para tratar a vida alheia com tanto desdém, não merece o título de cidadão.

Por fim, contra tudo que o presidente defende: USE MÁSCARA. Usar a máscara, combater aglomerações, cuidar da higiene, usar álcool em gel, manter o distanciamento social, são as melhores formas de combater a doença. Quanto mais fizermos, menos morrerão, mais rápido teremos uma vida minimamente normal de novo. Ter esses cuidados é uma prova de amor para sua família e seus amigos. Não é apenas sobre autocuidado, é sobre cuidar do próximo. É sobre empatia, respeito, e o mínimo de humanidade, o que, pelo jeito, anda muito em falta nesse lugar chamado Brasil.

01 Ago 2020

Quando falta consciência, a humanidade padece.

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