O que significa desejar partilhar o mínimo? O que significa ter o anseio de que o próximo tenha alimento, um teto sobre sua cabeça, educação, saúde, sonhos e ferramentas para tornar o mundo um lugar melhor? Para mim, essa é a real e verdadeira essência do ser humano.
Não somos individualistas, e todos os estudos sobre a humanidade, desde a pré história até os dias atuais, mostram que o ser humano não aprecia a solidão. Vivemos em bandos. Nos alimentamos em bandos. Crescemos e nos multiplicamos em bandos. Por qual motivo, então, nos tornamos tão individualistas? Para mim, o culpado é apenas um: o capital.
O capital, vulgo dinheiro, é o principal lubrificante de toda e qualquer relação comercial desde os primórdios da revolução industrial. É assim que as relações nascem e se consolidam. É assim que elas morrem também. Assim como, é por esse motivo, que a essência da humanidade padece e se transforma no mais puro e mesquinho individualismo.
Tantos que defendem as igrejas ou casas de oração e aqueles que pregam dentro delas, seja de qual religião for, o fazem de forma errônea. Defendem o egoísmo ao invés da partilha, a violência ao invés da paz, a truculência ao invés do diálogo, a nobreza ao invés do povo.
Esquecem daquele que caminhou entre os pobres, multiplicou o pão, salvou os menos favorecidos, ajudou os doentes e acolheu os desamparados. Esquecem que ele não caminhou entre os reis e príncipes, mas sim entre aqueles que pouco tinham de palpável, mas muito de intangível. O essencial é invisível aos olhos (O Pequeno Príncipe).
Jesus concordaria. Jesus partilharia, enxergando para além das vestes de qualquer um que lhe procurasse. Jesus não consideraria justa essa sociedade de miséria em que vivemos, essa sociedade que prega uma falsa meritocracia em prol da manutenção de um status quo em que poucos têm muito e muitos têm tão pouco.
A verdade é que Jesus era comunista. Eu também sou. Em essência, o ser humano é comunista. É que o capital veio para pervertê-lo e fazê-lo acreditar que “ter” é melhor que “ser”.
