01/08/2020 às 16:52 Fotografia Arte, cultura e sociedade

A arte na contramão do retrocesso.

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O Brasil vem se tornando um especialista a andar na contramão do progresso. Perdemos direitos trabalhistas, perdemos o direito à aposentadoria, e a única coisa que ganhamos recentemente foi o direito de termos câncer, todos juntos, graças a uma aprovação histórica na liberação do uso de agrotóxicos. Desde 2008, o Brasil é o lider mundial no consumo de agrotóxicos. Usamos, em média, de 200 a 400 vezes mais agrotóxicos que o permitido na Europa. 

Os agrotóxicos nasceram durante a II Guerra Mundial, e se você pensa que foram criados para aumentar as produções, ledo engano. Eles surgiram como uma arma química para intoxicar territórios e populações em larga escala. Hoje, seu uso é indiscriminado, e os químicos atingem não apenas as pragas a serem evitadas, mas matam minhocas, que são essenciais para o solo, abelhas, que são as responsáveis pela polinização e surgimento de flores e frutos, e contaminam até mesmo os lençóis freáticos, além de reduzirem a própria fertilidade do solo. Além disso, os animais mortos em decorrência dos agrotóxicos permanecem com as substâncias em seus organismos, e assim contaminam toda a cadeia alimentar. 

Você pode até se perguntar, e eu com isso. E a resposta é simples: você tem tudo com isso. Os agrotóxicos chegam até você através da comida, da água, da terra em que você pisa, dos animais que você come, das roupas que você veste. É por isso que precisamos cada vez mais investir na industria de produtos orgânicos, alimentícios ou não. Quanto mais agrotóxicos nós aceitamos colocar dentro e sobre os nossos corpos, mais vitimados seremos por mudanças físicas e psicológicas, mais câncer traremos para nós, mais terras serão dizimadas em decorrência da toxicidade dos químicos. Animais continuarão morrendo, e também sofrendo em vida com os efeitos do consumo e contato com os agrotóxicos. Solos infertéis, águas contaminadas, alimentos tão saudáveis quanto comida vinda de Chernobil em nossas cozinhas serão o resultado de toda essa passividade em relação ao que a industria empurra para nós e para os nossos filhos, enquanto algumas minorias insistem em encher os seus bolsos com o sofrimento alheio. Sofrimento esse, especialmente, daqueles que lidam com os agrotóxicos diretamente. Os trabalhadores rurais, os pequenos agricultores que estão sujeitos às vontades dos grandes comerciantes para atenderem elevadas demandas e, por isso, serem obrigados a utilizar mais e mais agrotóxicos. 

É papel da moda também buscar alternativas socioambientais não apenas para solucionar o problema do poliéster. Afinal, trocar o poliéster por uma fibra natural contaminada, que degradou o solo de vários hectares para existir, é trocar um veneno por outro. Seja através da pele ou do estômago, absolutamente ninguém merece ser diariamente intoxicado e, pior, ludibriado para pensar que não há nada de errado em consumir toneladas de agrotóxicos ano após ano. 

Para finalizar, deixo para vocês um ensaio do fotógrafo argentino Pablo Piovano, que mostra os efeitos dos agrotóxicos na vida daqueles que, sem dúvida, não têm alternativa. Grandes corporações como Monsanto/Bayer, Bunge, Cargill, Syngentha, entre outras, que financiam políticas como a PL do Veneno, espalham mentiras sobre supostos benefícios no uso de "defensivos agrícolas". Mas para isso existem trabalhos como o de Pablo Piovano, que lutam contra a corrente em busca de mudanças reais.

01 Ago 2020

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